Joaquim Lopes evita ver Paolla Oliveira em cenas quentes em
novela
O sorriso largo e o brilho nos olhos são sinais de que
Joaquim Lopes está de bem com a vida. Aos 33 anos, o ator é um dos destaques da
novela "Sangue Bom", no papel de um paulistano típico da zona norte
com sotaque carregado e cheio de gíria. Lucindo é mais um personagem na linha
cômica - o segundo consecutivo – na carreira do ator, formado pela Escola Superior
de Artes Célia Helena, em São Paulo, onde descobriu a sua verdadeira vocação
graças à persistência da mãe.
Desde 2009, Joaquim vive com a atriz Paolla Oliveira, a
protagonista de "Amor à vida". Os dois se conheceram durante as
filmagens do filme "Uma Professora Muito Maluquinha". No mesmo ano,
chegou a se casar no civil e no religioso com a atriz Thaís Fersoza, atual
namorada do sertanejo Michel Teló,
poucos meses antes de assumir o relacionamento com Paolla. Sem entrar em
detalhes sobre como o caso de amor começou, o ator confirma que são mais que
namorados. "Marido e mulher. Moramos juntos há quatro anos".
Joaquim diz que não vê as cenas, digamos, mais quentes da
atriz com os galãs Juliano Cazarré e Malvino Salvador no folhetim das nove.
Entende que faz parte da profissão dos dois, mas assistir é um pouco demais
para a sua cabeça, povoada de planos e sonhos. Ser pai é um deles, mas o ator
não pensa em ter um filho agora. Ele está focado na carreira. "Que venham
mais trabalhos", pede o filho mais novo de seu Antonio e D. Laura Helena,
que seria chefe de cozinha tamanha a sua habilidade com o forno e fogão.
UOL: Um mês no ar da novela "Sangue bom" e o seu
personagem Lucindo está sendo bastante elogiado, rolou uma empatia imediata com
o público. O que você está achando tudo isso?
Joaquim Lopes: Eu não poderia estar mais feliz. Até brinco
com isso: a gente ganha para ser divertir, para estar com pessoas queridas.
Esse personagem foi um presente. É meio clichê, mas é verdade. Outro dia estava
conversando com a Marisa Orth sobre isso: O que é fazer comédia? Como fazer um
personagem engraçado sem ser sem graça? É muito bom, divertido. O Lucindo é um
personagem solar, mas ele tem também a responsabilidade de levar a alegria para
as pessoas. A gente sabe que tem pessoas com vários problemas, passando por
várias coisas e que param para assistir a novela, para dar risada e esquecerem
seus problemas. Tenho muita satisfação de fazer isso.
E o Josué de "Morde assopra", sua última novela,
também era um personagem mais cômico...
(interrompendo): Sim, sim. O Josué era cômico, mas era outra
linha. Ele era rústico, do interior, meio tímido e ai que estava a graça. Veio
o Áureo, de André Gonçalves, bagunçou com ele.
Mas em novelas de outras emissoras você fez papéis mais
dramáticos. Você acha que está enveredando para a comédia?
Eu tenho 13 anos de carreira e nos dez primeiros anos da
minha carreira foi basicamente de teatro, com 90% dos personagens dramáticos,
densos. Fiz teatro experimental, expressionismo alemão, processos de um ano, um
tipo de processo que leva um ano, um trabalho vertical mesmo e de
aprofundamento interessante para os personagens. Só que na televisão, os
personagens que mais apareceram para mim foram cômicos. Não acho que eu estou
enveredando por esse caminho. São circunstâncias. Como ator, a gente tem pegar o
personagem e fazer da melhor maneira possível.
Falta um vilão?
Oh!!! Adoraria fazer um vilão! Maravilhoso. Eu estou sempre
querendo novos desafios e quanto mais distante da nossa realidade, mais
interessante, desafiador. O engraçado é que atualmente existe essa onda das
pessoas torcerem mais para os vilões do que para os mocinhos. Eu acho que o
vilão tem esse apelo de ser mais livre e espontâneo. Ele vive as coisas, não é
muito quadrado. Agora tem essa coisa de um tom meio engraçado, mas eu fico pensando no Leo, do Gabriel Braga Nunes,
de "Insensato coração". Ele era o capeta e todo mundo gostava
dele. O vilão ganha o telespectador
quando o ator fizer um bom trabalho, independente se a conduta [na ficção] é
certa ou errada.
Você sempre sonhou em ser ator?
Minha família é toda de médicos. Pai (Antônio), irmão mais
velho (Antônio Filho) e tios. Eu prestei vestibular para medicina, passei, mas
o meu irmão já estava no quarto ano e eu comecei a ver que eu não ia aguentar o
tranco da medicina (rs). Na verdade, o meu irmão é super carinhoso com os
pacientes, mas o médico precisa ter um certo distanciamento, uma certa frieza
que eu senti na época que não teria e ai comecei a perceber que aquilo não era
para mim. Entrei na fase da dúvida, incerteza e como eu sempre fui agitado, a
minha mãe (Laura Helena) teve a ideia de que eu deveria fazer teatro:
"Você está louca!! Vou fazer teatro? Nem pensar. Vou ser médico ou então
publicitário", disse para ela que me escreveu na Escola Superior de Artes
Célia Helena sem eu saber. No dia da prova, eu não fui. Ela ficou brava e não
desistiu. Me escreveu de novo e até me levou para fazer o teste. Fiz contra a vontade. É aquela coisa: mãe é mãe,
né? Tem aquela percepção que ninguém sabe explicar. Passei e realmente mudou a
minha vida.
Mas quando vc sentiu que estava no caminho certo?
Eu estava no terceiro período, o curso no Célia Helena tem
seis períodos e nos dois primeiros períodos eu já tinha me apaixonado por
aquele mundo, mas eu ainda estava meio perdido. Ainda não sentia que estava no
meu lugar e era como se eu estivesse esperando alguma coisa que me despertasse.
E aí eu tive uma aula com o diretor Marcelo Lazzaratto e ele fez um discurso
muito interessante sobre talento e vocação. Talento é uma coisa que você nasce,
tem ou não tem. É simples assim! Só que de nada adianta o seu talento se você
não tiver vocação para aquilo. O ator tem que ter prazer na parte chata da profissão
que é decorar textos, a espera pelas gravações, a falta de trabalho, as
incertezas etc. Isso para ele era vocação. O discurso na hora fez muito sentido
para mim e aí eu descobri que tinha vocação para ser ator.
Dizem que você cozinha muito bem. Então se não fosse ator,
seria um chef de cozinha?
Verdade. Eu tive uma avó materna que cozinhava
maravilhosamente bem, ela já se foi. Eu sempre a acompanhei no preparo da
comida e cozinhar é uma coisa muito pessoal. Na minha opinião a gastronomia é
uma forma também de expressão artística porque você mexe com todos os sentidos
da pessoa para quem você cozinha. É uma outra paixão grande, mas eu não sei se
tenho vocação para ser chefe de cozinha. Eu gosto dos meus finais de semana,
apesar de que o ator quase não tem, mas o chefe de cozinha é uma vida bem dura,
os horários, a pressão e eu acho que eu tenho mais paixão do que vocação.
E você é de viver o aqui e agora ou é do tipo de fazer
planos?
Faço planos. Acho que esse é o meu desafio de vida:
conseguir viver o momento aqui e agora sem me preocupar tanto com o amanhã. O
amanhã não existe, né? O futuro não existe, mas para mim não tem como não saber
para onde eu estou guiando o meu barco. Sempre fui assim desde pequeno.
Tem ator que não lida bem com o assédio? É o seu caso?
Não, eu acho tranquilo. Faz parte da profissão, a gente está
em uma profissão pública, estamos expondo a nossa vida profissional e isso
atiça a curiosidade das pessoas em saber quem a gente é, como é a nossa vida
pessoal. Só acho que tem que ter um limite. O meu limite termina quando começa
do outro e vice versa. Então, eu levo numa boa, desde que respeitem os meus
limites.
O que falta na sua carreira?
Apesar de ter quase 13 anos de carreira, acho que estou
começando, sabe? Falta tudo e eu acho que vou ser assim até o final da minha
vida. Acho que eu nunca vou estar 100% completo, vou estar sempre procurando um
novo desafio, aprender mais sobre o meu ofício. Quero fazer mais teatro, mais
cinema e quero continuar fazendo novela. Fazer novela é muito gratificante, mas
é difícil. As pessoas dizem que o ator
tem uma vida fácil, mas não é bem assim. Tem que ter uma concentração muito
grande, dá muito trabalho gravar uma cena, muitas pesquisas para o personagem,
entrega é tudo para o telespectador. Cada profissão tem a sua dificuldade e a
dificuldade do ator é viver aquele personagem. Dar licença, sair de cena para
aquele personagem entrar 100% e você não deixar nenhum vestígio do Joaquim.
Isso é difícil. Transmitir essa verdade sendo outra pessoa, que tem outra
personalidade que não é a sua.
Dizem que depois dos 30 anos, não é só a mulher que sente
aquela vontade de ser mãe. Aos 33 anos, você também já sonha com filhos?
Sou de uma família muito unida, muito amorosa. Sou eu, meu
pai, minha mãe e meu irmão quatro anos mais velho e eu acho que é natural. Todo
mundo que vem de uma família muita unida, quer dar continuidade a essa
história. Eu tenho muita vontade em ter filho, mas ao mesmo tempo trazer uma
criança para o mundo de hoje é muita responsabilidade e então eu acho que tem
que estar muito preparado para quando isso acontecer. Ainda não é o momento.
Estou muito focado na minha carreira, no meu trabalho, mas é claro que o dia
que isso acontecer, que for para ser, meu filho ou minha filha vai ser recebido
com muito amor e carinho.
Você tem sobrinhos?
Tenho dois sobrinhos, eu sou padrinho do meu sobrinho mais
velho, ele está com 5 anos. Já me reconhece
na TV, liga e diz que esta me acompanhando. Me chama de tio Coquinho -
quando ele era pequeno, não sabia falar Joaquim e aí ficou Coquinho... Primeira
vez que eu falo isso!!! Meu irmão acabou
de ter uma menina linda, Isabela. Sou tio coruja!! A menina chegou é novidade,
princesa, um barato.
Nos bastidores, só se ouve elogios ao Joaquim Lopes? O que você
tem de especial?
Fico feliz, eu fico sem graça. Eu sou tímido!! Dar
entrevista... Você não tem ideia como eu sofro.
Mas como você fez aquela declaração para Paolla Oliveira no
Programa da Fátima Bernardes?
O que eu ia fazer?? Rs. Ela disse na lata: faz uma
declaração e tive que falar alguma coisa. Não travei. Sabe, eu acho que quando
a coisa é verdadeira, ela sai espontaneamente, não tem essa coisa de timidez,
de vergonha, a gente fala e pronto.
Você é ciumento? Você e a Paolla são atores e se relacionam
com outros atores na ficção? Tem ciúmes da sua namorada? Aliás, vocês são
namorados ou marido e mulher?
Marido e mulher. Moramos juntos há quatro anos. Olha, ciúme
é uma coisa tão hipócrita, um sentimento tão ruim, tão mentiroso então para que
ter ciúmes? É claro, que se você vier me perguntar se eu gosto de assistir às
cenas quentes da Paolla... Claro que, não!!! Ninguém gosta. Não é uma coisa que
você chega para o companheiro e diz:
"Nossa que maravilha, que cena incrível" Não vai estourar um
champanhe, nem ver juntos a cena... É o nosso trabalho, nós conversamos e faz
parte das nossas vidas, né?
Mas você vê ou não vê as cenas mais quentes?
Não, eu não vejo. Sei que tem gente que ver, né? Gosta de
sofrer, mas eu não vejo, nem tenho tempo. Estou gravando muito, graças a Deus.
E casamento no papel e na igreja com direito a festa? Estão
nos planos?
Não, nós já estamos casados, Graças a Deus está tudo certo.
Tudo em ordem.
E por falar em Paolla, ela está muito magra?
Não, ela está linda, maravilhosa. Ela emagreceu para fazer
"Amor à vida" e eu fui no embalo. Emagreci também. Não sei quanto
porque não me peso, mas eu perdi um manequim, de 44 passei a vestir 42. Ela
também perdeu medidas.
Qual é primeira novela que vem na sua cabeça?
"Que Rei Sou Eu"? Foi em 89, eu tinha álbum e
tudo. Não perdia um capítulo, amava aquela novela, aquela coisa de corte.
Também lembro de "Top Model". Tinha Malu Mader, fazia a Maria
Eduarda, o Nuno Leal Maia como Gaspar, aquele pai garotão.
Você tem algum hobby?
Eu adoro ler. Leio tudo e no momento estou lendo "As
Mil e uma noites". A história da rainha Sherazade. É um livro que foi
escrito há três mil anos e ele foi recolhido por fragmentos. Não era um livro
que estava ponto! Pegaram poemas que foram escritos das histórias das mil e uma
noites e, se você pegar esse livro e ler, vai ver que tem uma relevância
maravilhosa, a forma como foi escrito tão rico que parece que você está vendo
as imagens no lugar das palavras. Ninguém me indicou. Eu peguei o livro em uma
prateleira na livraria e decidi ler. Eu faço isso. Chego na livraria, ando,
ando, olhando e ai de repente tem um livro que me chama atenção. É assim, um
processo intuitivo e se for um livro que
eu nunca pensei em ler ou um ator que eu nunca li e ai que eu me interesso. Eu
gosto do acaso. Uma vez me falaram que o livro que escolhe a pessoa e eu peguei isso para a vida.
Livro é um bom presente para dar para o Joaquim?
Com certeza, com certeza. Gosto de tudo, romances,
biografias, livros didáticos. No começo do ano, eu li uns sete livros do Osho.
Me interessei por essa coisa do ensinamento dele, da filosofia espiritual,
oriental, da yoga, tudo muito rico esse universo. A gente, no ocidente, não tem
tanto costume de falar sobre isso como os orientais, que encaram de uma forma mais natural. Também gosto de
livros de fotografia e de gastronomia, é claro.
Se eu pedisse para você fazer um prato para mim, que você
faria? Qual seria o cardápio?
Um salmão no forno com alho poró, com um purê de batata
rústico com lascas de trufas negras. Está bom para você!! Comi esses dias e
ficou bom para caramba.
Uma última pergunta, antes de você começar a cozinhar para
mim: já tem planos para depois de "Sangue bom"?
Estou lendo um texto teatral para o segundo semestre. Não
posso falar ainda porque ainda está muito cru o projeto. Assim que a novela
terminar, quero umas férias curtas porque é sempre bom dar uma renovada e
esperar novos desafios. Que venham mais trabalhos.